Sobre
No #minhatrajetória desta semana, a Clarissa, que entrou no Vértice em 2005, relembra como a escola despertou seu interesse por astronomia nas aulas de física e a ensinou a ser perseverante.
Após o colégio, mudou-se para os EUA, formou-se em Física e Astronomia pela UC Santa Bárbara, estagiou na NASA e trabalhou na Lockheed Martin. Hoje, cursa doutorado na UC San Diego, pesquisando tecnologias para detecção de exoplanetas.
Clarissa também deixa uma mensagem especial para as alunas: "Se é seu sonho, não deixe nada te impedir de alcançá-lo.
História
Doutoranda em Astrofísica na Universidade da Califórnia – San Diego
No Vértice
Eu entrei em 2005. No Vértice, eu aprendi a ser uma pessoa mais determinada e perseverante. Como é uma escola puxada, um certo nível de dedicação era necessário para manter as matérias em dia. Com certeza eu levo isso para a vida, e até hoje o meu hábito de estudar é o mesmo que eu tinha no colégio. Além disso, foram nas aulas de física do Vértice (sobre gravitação e órbitas!) que eu fui exposta a astronomia e tive interesse no assunto. O legal é que o Vértice também ensina muitas matérias, então muito do meu conhecimento geral do mundo (tanto nas ciências exatas quanto nas humanas) também veio de lá. Até hoje nenhum americano acredita que eu aprendi química orgânica e filosofia na escola!
Universidade
Após me formar na escola, eu me mudei para os Estados Unidos e cursei bacharelado em física e astronomia na Universidade da Califórnia – Santa Bárbara. Durante a graduação, me interessei em astrofísica, e comecei a trabalhar em um laboratório de astrofísica da Universidade. O laboratório pesquisa o desenvolvimento de novos instrumentos que são capazes de encontrar e tirar imagens de planetas que orbitam outras estrelas que não sejam o Sol (o que chamamos de exoplanetas). Após trabalhar nesse laboratório, apliquei para um estágio no NASA Jet Propulsion Laboratory e passei um verão trabalhando lá. Também trabalhei alguns meses em uma empresa de defesa e aeroespacial americana chamada Lockheed Martin. Me formei em 2020 da graduação e comecei o trabalho de doutorado em astrofísica na Universidade da Califórnia – San Diego. Aqui, trabalho com uma orientadora no mesmo tópico: o desenvolvimento de tecnologias para a detecção de exoplanetas.
Estágio na Nasa
A minha experiência na NASA foi incrível. Eu trabalhava com um mentor que também desenvolvia instrumentos para detectar exoplanetas, mas utilizando outro método. Ao invés de tirar imagens dos planetas, o instrumento analisava como a gravidade do planeta influenciava a da estrela. Com esse método, era possível determinar a massa do planeta. O instrumento tinha acabado de ser construído, então eu tive a oportunidade de ir ao Observatório de Palomar, no sul da Califórnia, e auxiliar na sua instalação no telescópio. Nós ficamos no observatório por cerca de 2 semanas, nas quais nós testamos se o instrumento estava funcionando corretamente. A minha principal função era testar se o instrumento estava recebendo a quantidade de luz esperada da estrela. Isso envolvia desenvolver simulações e testes para ver se ele estava corretamente alinhado com as componentes do telescópio e se todas as suas partes estavam funcionando corretamente.
Desafios da carreira científica
Os principais desafios de ser astrofísica, e acho que na verdade de ser qualquer cientista, são os de entender que a ciência é difícil, mas não impossível. Às vezes é difícil distinguir os dois. Ao longo da minha trajetória, eu passei por muitas dificuldades, tanto nas aulas quanto no laboratório. As matérias não são fáceis, e muitas vezes eu me perguntei se eu era realmente capaz de ficar no ramo. Mas a realidade é que a ciência e o universo em si são um desafio, e que não tem problema você não saber tudo de primeira. A persistência e a dedicação, mesmo após dificuldades, são o que realmente importam no fim do dia.
Inspiração
Existem várias pessoas que me inspiram. Uma das mulheres que mais me inspira, e acho que a principal delas, é a minha mãe. Ela é uma mãe maravilhosa e sempre foi muito batalhadora. Como ela é médica, trabalha muito e ama a profissão dela. Eu tenho certeza que a minha dedicação e interesse pelo trabalho foram influenciados por ela. Outra mulher que me inspira é a minha orientadora do doutorado, a professora Quinn Konopacky da UCSD. Ela é uma excelente profissional e uma das poucas mulheres no ramo de astrofísica. Ela também está sempre disposta a ajudar e explicar as coisas que eu não entendo, e claramente ela se importa com cada um dos alunos. Com certeza ela me inspira a aprender mais sobre astrofísica, e eu tenho muita sorte de ter uma orientadora como ela.
Mulheres na Ciência
Acho que a principal mensagem que eu tenho para qualquer aluna, principalmente para quem quer se tornar cientista é: se é seu sonho, não deixe nada te impedir de alcançá-lo. No começo, era intimidador estar em uma sala de física com 100 alunos dos quais 90 eram homens. Eu estranhava, e às vezes pensava que não pertencia ali (a famosa “síndrome do impostor”). Mas cada dia mais mulheres entram no ramo da ciência, e para obter sucesso o que realmente importa é a sua perseverança e o seu sonho de entender como o universo funciona. Não tenha medo de seguir algo que te interessa só porque não é o comum.
Futuro
Por enquanto, passarei os próximos anos na UCSD fazendo o meu doutorado, que dura cerca de 6 anos. Após isso, penso em fazer um pós-doutorado e trabalhar em algum laboratório de pesquisa ou universidade na pesquisa de exoplanetas. Ainda não determinei se eu voltarei para o Brasil. Mas com certeza nos próximos anos estarei nos EUA, terminando a pós graduação.